The Shadow Hunter

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Keep it Simple

sábado, 31 de março de 2012

Agressividade sendo conduzida à Eficácia!


Depois de postagens sobre histórias antigas, opiniões soltas sobre picuinhas do dia a dia e seus respectivos contrapontos, não é que alguém me deu uma grande oportunidade? No momento em que dividi uma opinião e uma experiência minhas sobre formas de se lidar com certos tipos de conflito e coisa assim, não é que recebi exatamente o comentário perfeito?
Uma pequena frase legitimamente agressiva proporcionou vários ganhos. Achei por bem retirá-la de público, pois apesar de um conteúdo autêntico, possuía forma inapropriada em termos de linguajar. A pessoa que a postou, além de me render material valiosíssimo para esta postagem, acabou desencadeando uma série de eventos fabulosos. Ela me levou a entrar em contato com alguém a quem devo incalculáveis tributos, justo por me proporcionar aprendizados que precisei em minha vida, tanto para saber lidar com diversas situações, quanto para que eu fosse capaz de adotar uma postura apropriada a fim de aprender com elas. Esses próprios aprendizados foram exatamente o quê proporcionou a densidade do conteúdo que postei nos últimos dias.
Em um segundo desdobrar da situação, este a quem tenho a honra de chamar de mestre teve o carinho de me pedir o endereço deste blog para ler minhas linhas. Além disso, acabei me motivando a sair da inércia e manifestando meu desejo de lhe fazer uma visita e tomar chá.
Gostaria muito de agradecer diretamente à pessoa que expressou em público aquilo que muitos iriam julgar como ofensivo e, por ser anônimo, talvez até covarde. Entretanto, venho aqui justamente defendê-la destes julgamentos. Minha postagem anterior foi justamente sobre como lidar com críticas. Eu cheguei a citar as palavras de um irmão de clã, quando me disse que “não existe agressão sem frustração”. Como eu poderia me magoar? Ou mais, como eu poderia não defender esta pessoa de, mesmo encoberta pelo anonimato, sofrer julgamentos severos desse grupo que vem lendo o que eu escrevo. 
Começo dizendo que meu primeiro objetivo já é patente: “eu preciso compreender esta pessoa”. Se ela me agride, está frustrada. Por que está frustrada? Será que é comigo? Muitos dos que leem este blog me conhecem. Alguns muito bem, até. Considero se não há algo que fiz que pudesse ter ofendido alguém, recentemente ou há algum tempo. Tento isto de forma inocente, pois normalmente nesses casos se fere sem querer. É possível, mas improvável que eu me lembre. Reservo então esta possibilidade de estar em débito com algum amigo à parte. Sem saber quem é, sendo o caso, não posso agir diretamente sobre ele.
A segunda linha de possibilidades seria a de ser alguém que não me conhece, e que se sentiu tocado pelas minhas palavras de uma forma tão profunda que lhe causou dor legítima. Como no caso do amigo, não tenho como saber quem ele é, a não ser que se manifeste. Então, meu próximo passo está aqui, ao vivo para você que teve o carinho e paciência de ler o que eu escrevo. Estou oferecendo a esta pessoa, considerando a possibilidade dela estar lendo isto, uma oportunidade de falar comigo. Faço isso deixando claro que minha atitude para com ela não passa sequer perto de um aborrecimento. Para ser honesto, estou é ansioso e empolgado com a possibilidade de: ou “pedir desculpas a algum amigo que eu porventura tenha ofendido sem querer”; ou de apoiar algum leitor a quem minhas palavras possam ter incomodado além da conta.
Uma vez, um repórter perguntou a certo senhor o que ele faria se alguém lhe agredisse de determinada maneira? O repórter chegou a fazer o movimento, na expectativa de assustar e obter uma reação acrobática ou algo assim, eu imagino. Este senhor simplesmente observou tudo, e esteve observando tudo, desde o início. Com um sorriso sereno e terno disse algo que reproduzo com minhas palavras: “o que dói não é o dente que quebra, mas o orgulho ferido!”. Eu guardei isso com cuidado e recentemente construí algo original para colocar ao lado, como uma obra do devir - em desdobramento desta que me foi uma referência original - algo que para oferecer em tributo faço uso deste singelo momento : “e se o orgulho quebra fácil como um dente, a própria visão de quem se é está frágil como porcelana”.
A única eficácia legítima é a que se desenvolve sem que a intervenção original possa ser percebida. Seu observador ou objeto só consegue enxergar a fluidez e arte com que os efeitos se desencadeiam e, no fim, ser capaz apenas de lograr mérito à mera obra do acaso.
O autor, por não se orientar para a glória, mas apenas para o alinhamento entre sua tarefa e sua identidade, semeia a realidade em diversos pontos diferentes. Ele considera cada sistema, curso ou iniquidade que sua experiência o capacita para observar, a fim de condicionar cada nuança da variação o mais ajustada possível ao fluxo do devir.
Este fluxo não pode ser forçado. Quem tenta fazê-lo tem a impressão de estar conseguindo resultados, mas no fim só estará forçando a si mesmo. Os desejos são tanto o elemento criador da vida, quanto os limitadores da capacidade humana de executar este ajuste ao fundo imanente da realidade.
O ato de plantar uma árvore sem que a necessidade de consumir seu fruto seja patente ilustra como é perfeitamente possível agir com eficácia plena no dia a dia. Usando a mesma ilustração para demonstrar como uma intervenção forçada soa incoerente, basta se imaginar uma pessoa plantando uma muda com cuidado e depois a puxando com as mãos no intuito de fazê-la crescer mais depressa.
A sabedoria ensina inicialmente a escolher o tempo certo de plantar a muda ou semente, projetando a possível resposta da natureza, em alinhamento com uma possível necessidade do fruto no futuro. Note-se que não há certeza de nenhuma das partes: necessidade ou desejo humanos futuros; devir das forças da natureza. Ação e eficácia sempre estarão ligadas à competência de se lidar com o inesperado e sobre respectiva demanda inadiável por decisões.
Agir sob a influência de dor, de medo, ou sob as mais variadas condições psicológicas desconfortáveis, e mesmo assim escolher com consciência o caminho certo a seguir, pelo motivo certo a impulsionar, pela finalidade adequada a alcançar, eis o caminho da eficácia. Na minha boba opinião de rapaz pensador, trilhar esse caminho é mais importante do que para onde ele leva. 

sexta-feira, 30 de março de 2012

O contraponto "ante-crítico"

Tenho um grande amigo com um talento especial em encontrar defeitos nas pessoas. As vezes ele simplesmente decide que não gosta de alguém e pronto. Parece tanto com bebê de colo quando estranha uma pessoa, que chega a ser hilário ver este comportamento num homem de 31 anos. Ele é um tipo crítico espontâneo, mas tem a grande qualidade de guardar para ele suas apreciações. Simplesmente decide se gosta ou não gosta. Isso sim ele faz questão de deixar claro. Quando digo espontâneo, é isso mesmo, ele deixa claro para a pessoa que não gosta dela sem nenhum pudor!

O meu amigo é gente boníssima. Seu estilo só é percebido por quem ele decide que não gosta, e por quem o conhece a muito tempo e se diverte vendo ele fazer das dele e desabafando seus motivos depois. A figura do chato mesmo é a do que adora falar mal dos outros, expondo livremente seu julgamento, excluindo na maioria dos casos o próprio julgado do retorno apreciativo. Eu costumo dar nome a este de "crítico mordaz". 

Aprendi e aprendo muito com meu amigo, desde os tempos de colégio. Hoje a lembrança desse meu grande camarada me fez pensar em seu contraponto. Talvez em um maior ainda, levando o Mordaz em conta. Como seria um indivíduo capaz de encontrar "conformidades" nas pessoas? Pausa: mas o contrário de defeito não é qualidade? Será que é mesmo?

Qualidade, segundo uma aula de Marketing de faculdade que tive, é o quanto determinada coisa satisfaz as necessidades de quem a adquire. Por acaso uma pessoa qualquer tem algum contrato ou compromisso de satisfazer as necessidades de outra pressuposto?

Pergunta definitivamente retórica esta!

Este é o motivo de eu estar escolhendo o termo "conformidades" a encontrar. Para um início de pensamento, decido começar definindo esse tal que vou dar nome de "ante-crítico" como sendo alguém com a "atitude diligente de procurar em outras pessoas traços que tenham potencial de contribuir com ele de alguma forma"?
Parei para pensar e não consegui ver falhas na idéia de que esse camarada aprende até com o Crítico Mordaz! E, por outro lado, que este último sofre para aprender com qualquer um.

Um fumante inveterarado de charutos, que as vezes são só charutos, compartilhou umas idéias sobre sua visão da necessidade de criticar. Ele dizia que "nos incomodamos com os outros quando neles encontramos um reflexo de nossos próprios defeitos". Legal isso que ele falou, mas eu ainda acho que não era tabaco aquele treco que ele apertava não. Só um charuto!? ...sei!

Meu outro post foi sobre como lidar com coisas como críticos mordazes e até tipos mais violentos. Este, eu queria que fosse mais como se comportar mais como esse "ante-crítico". Entretanto sinto-me frágil com meus conceitos. Estou criando um modelo. Essas coisas são como referencias vazias, sabem? Ninguém jamais conseguirá ser assim o tempo todo. Faz parte de nossa natureza se reconhecer um no outro. Todo mundo as vezes entra numa de crítico mordaz. Algumas pessoas só têm a característica de ficar mais presas a isso que outras. Acho que para encontrar de fato o que eu chamaria de "referencia cheia", teríamos de diligentemente ficar atentos uns aos outros para tentar capturar "no ar" os momentos do "ante-crítico".

Ah! E sempre temos a possibilidade de abstrair, criando antíteses sobre o comportamento do "crítico mordaz". Se não der pra adquirir muita sabedoria, pelo menos rende um post legal pra colocar num blog e dividir com os amigos!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Reflexão sobre conflitos e crescimento.


Se você ficar repetindo a mesma ação, ou omissão, mesmo que 10 mil vezes, sem perceber a consequência que se desencadeia disso, você nunca vai aprender com sua experiência. Não se trata de o quê você faz com aquilo que sabe, mas de como você se posiciona perante o que desconhece.
            Cada situação pede uma atitude. Ajustar-se é  e sempre será um desafio. Isso pode ser extremamente divertido, mas requer que se adquira certa competência antes de se começar a aproveitar. A gente demora a aprender que não precisa estar certo, basta “pretender” legitimamente estar, e pronto! Assim, se por ventura formos contestados, criticados, até mesmo agredidos, estaremos leves feito pluma, maleáveis e adaptáveis como a água, serenos e calmos como bebês dormindo em colo de mãe. Então, estaremos em condições de responder com precisão a estes estímulos.
Se a sua soma deu um dado resultado, mas alguém lhe contesta, é fácil responder pedindo: “mostre-me onde errei”?
Um pouco mais complicado é quando alguém olha para alguma coisa que você inventou e diz que “faltou alguma coisa, não vai funcionar, está feio”. Você já tem de brigar internamente para conseguir responder algo como: “o quê faltou e por que você sentiu falta?, por que você acha que não vai funcionar?, e o quê você sugere para a beleza passe a existir?”
Complexo e difícil ainda um pouquinho mais é quando alguém mistura você com alguma coisa que você criou ou executou. Supondo ser este segundo caso relativo aos mesmos recém contados, as palavras serão mais como “você é uma pessoa incompetente!, você nunca vai conseguir fazer isso funcionar!, você não tem gosto, tem desgosto!”
A luta interna é mais severa. Apesar da simplicidade das questões, não será fácil perguntar: "como deve ser uma pessoa para ser considerada competente sobre este caso na sua opinião?, "O que você acha que uma pessoa precisa para fazer isso funcionar?, Como você gostaria que fosse?
Por último, e este sim difícil e complexo, é como lidar com a crueldade. Já viu quando acontece de alguém se divertir ao ver outra pessoa se irritar? Quando alguém lhe desrespeita sem que você o tenha provocado ativamente? Não se trata mais de um desentendimento, mas de uma coisa mais “tribal”, primitiva. Antes de responder, a gente precisa compreender o quê o outro pretende, mas é bem provável que, caso você pergunte diretamente, você torne aquele conflito latente em algo patente. Um grande amigo meu costuma dizer que “no velho oeste, isso costuma dar morte”!
Como fazer então? Muitos que leram até aqui já tem bagagem pra sacar na hora que é imprescindível “se impor”! Entretanto, lhes pergunto: como? Por acaso simplesmente levantando e jogando um balde d’água na cabeça do coleguinha que te “taca papelzinho”? O Arnaldo César Coelho iria dizer que seu cartão seria merecido: “uso de força desproporcional na dividida”. Ficar quieto e com raiva também não serve, definitivamente. São os que ficam quietos eventualmente invadem escolas armados, atirando em todo mundo! Quantos não foram adolescentes e não “tacaram papelzinho”, “levaram papelzinho na cabeça”, ou se irritaram ou foram irritados na época de escola? Quantas vezes não vivemos situações análogas e muitas vezes mais graves depois de um pouco mais velhos, principalmente no trabalho, na academia...? O tema do Bullying não está polêmico hoje em dia?
Este é meu pensamento, minha experiência, logo, só pretendo estar certo. Será que estou? Eu diria que basta começar olhando para quem te agride e prestando uma atenção cuidadosa a esta pessoa. Não dizer nada! Apenas a olhar para ela diretamente enquanto ela te desrespeita. Se fosse na escola, dava até para levar o papelzinho até ela e entregá-lo de volta gentilmente. A mensagem é: “sim, pois não?” É uma forma de desafiar, mas sem estar desrespeitando de volta. Pelo contrário: se ela se comunica com você te agredindo, você demonstra solicitude e atenção.
 Aprendi que crueldade costuma caminhar muitas vezes ao lado da covardia. Quem é cruel não tem coragem de admitir o que tem contra você, ou para admitir até mesmo que te inveja. Impor-se, caindo para o literal, significa colocar-se na frente, sujeitar os outros à sua presença. Ao invés de lutar contra a agressão, esta postura é quase como ajudá-lo a lhe agredir, mas de maneira que o obrigue a fazê-lo se expondo a você e a quem estiver presente.
Um grande irmão de clã uma vez conversou comigo por horas e me fez concluir uma coisa sobre a qual nunca consegui ver falhas: “não existe agressão sem frustração”. Exposto, aquele que estava sendo cruel ou se intimida e passa a lhe temer, ou se expressa, dando condições para que você caia nos casos menos complexos e resolva o problema fazendo perguntas. Entretanto, nada do que eu falei funcionaria com sociopatas. Creio que, seguindo isso, talvez seja possível identificá-los. Desses aí, meus amigos, quero distância. Deixo as patologias para os profissionais de Psicologia, Medicina Psiquiátrica, Teólogos, Pais-de-Santo e com a polícia mesmo. 

quarta-feira, 28 de março de 2012

Reflexão sobre Amor e Compromisso

Uma canção celta que gostei muito de ouvir no arranjo e voz de Cecile Corbel me fez pensar sobre a diferença entre Amor que se diz sentir e o Amor que se entrega deliberadamente. Em meu pensamento, entendo o primeiro como o do conto de fadas, o do sofrimento, da tragédia e do preço que se paga pelo êxtase infinito de ser correspondido. Este Amor cria beleza e fantasia, ao mesmo passo que cria paixão, dor. Ele não serve para criar vida e alegria. O próprio Platão escreveu, dizendo que era mais uma discussão do Sócrates sobre futebol, dizendo que o Amor não é justo e bom. Curioso ele dizer isso...

Se me perguntarem sobre este Amor, eu julgo apenas como algo que torna a vida mais interessante. É um fator de desafio. Sem ele, depois que se resolve dez mil problemas de lógica, o resto das pessoas do mundo passa a não interessar. Acho que a gente acaba por se tornar um misantropo, ou no sentido sexual, misândrica ou misógino. Sem este, então, não “rolaria sexo” e nem humanidade.

Voltando para a canção de origem celta, vou citar o refrão a que me refiro, para que se note o quanto ele soa romântico ao extremo à primeira vista:

Till a' the seas gang dry, my dear

And the rocks melt wi' the sun

I will love thee still, my dear

While the sands o' life shall run.

Até que os mares sequem, meu querido

E que as rochas derretam com o sol

Eu ainda te amarei, meu querido

Enquanto as areias da vida puderem correr

Ao ouvir a música inteira e perceber que há muita alusão ao mar, a uma viagem que o personagem para quem esse amor se destina fará sem previsão de retorno, comecei a pensar: Isto não pode ser um sentimento simplesmente. Não o da moça destes versos. Isso soa mais como um compromisso!

Sabe aquele papo cristão de “na alegria e natristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te por todos os dias de minha vda”?

Olho bem de perto e concluo: “este é o juramento pessoal que estabelece a criação da instituição do casamento na cultura cristã.”

Ora, um juramento é um compromisso que se assume. Então, começo a pensar que poucos entendem de fato o que Vinícius de Moraes diz no "Soneto da Fidelidade". Todo mundo adora repetir os dois últimos versos:

“Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure”

Mas pouca gente lembra, que dirá explica os dois primeiros:

“De tudo ao meu amor, serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto...”

Ele coloca uma coisa em função de outra, e numa ordem irreversível:

Antes o compromisso, depois o sentimento.

Antes o dever da entrega, do zelo, depois permitir-se vivenciar o fenômeno.

Primeiro amar, ação efetiva, depois Amor, sentimento sublime!

O compromisso é o primeiro ato virtual de entrega quando se quer fazer algo acontecer, quando se quer produzir algo, instituir algo... Hoje em dia costumamos fazer isso por contratos, com direito a cláusulas de rescisão e a vícios redibitórios.

O compromisso de amar é um ato moral apenas. É essencialmente um juramento mesmo. Acho que deve ser esta a razão de uma “jura” ter código próprio. É um “salto de fé”, tipo filosófico clássico. Desta vez não sei dar nome ao pensador. A assinatura que você coloca no papel na Igreja ou no cartório, a ratificação do padre ou juiz de paz, as testemunhas, o anel que você coloca no dedo do outro(a), nada disso vai dar verdadeira fé ao seu ato ali. O compromisso é seu apenas: “Entregar tudo o que está contigo, mas que pertence àquela outra pessoa”.

terça-feira, 27 de março de 2012

Um belo dia, em Botafogo...

Numa certa noite no de Janeiro, no lado direito da Enseada de Botafogo, um rapaz saía do trabalho tarde e vinha caminhando tranquilamente para cruzar o viaduto Carlota Joaquina. O dia tinha sido difícil. Ele tivera desapontamentos no trabalho, notícias ruins, dúvidas pessoais, tudo isso em um momento de crise de perspectiva de vida. Algo pelo quê a maioria das pessoas passa quando é jovem e que muitas ainda passam depois de velhas.

Caminhava equipado com um headphone plugado ao seu aparelho de MP3. Ouvir sons lhe fazia bem. Sua mente ansiosa parecia se ocupar e imaginar diversas coisas livremente por sobre aquele estímulo agradável. Mesmo assim, ainda prestara atenção à quantas pessoas passaram por ele, sobre a atitude de cada uma, sobre o que estavam fazendo e, mesmo com o som ligado, sobre o que algumas por quem passou perto o suficiente estavam conversando.

Na saída do prédio, dois funcionários do departamento do sétimo andar reclamavam da gerente, fumavam e diziam que deixariam algum problema específico estourar. Parados ali, relaxando com baforadas e desabafos, transitavam desde costas curvadas e tensas até um estalo de coluna de indiferença.

Mais a frente no caminho, um táxi chegava e uma executiva de meia idade e saltos desconfortáveis vinha falando ao celular. Não eram precisas palavras para notar que ela estava zangada e que, pela postura e gesticulação, mudando da formalidade de quem deseja comunicar seu status para um sequestro emocional típico, provavelmente falava com alguém com quem mantinha relação pessoal. Provavelmente era canhota e, ao entrar no carro, após jogar agressivamente sua bolsa no banco do taxi, foi possível notar a marca onde antes havia uma aliança. Bastava observar a mão que segurava o telefone ao ouvido esquerdo.

No outro lado da rua, três pessoas desciam por uma viela, com foco típico de quem quer chegar em casa o mais breve possível. Após andar um pouco mais, havia alguns taxistas esperando corridas advindas de chamadas da central. Um deles fumava e reclamava da política do país. Em frente a eles, estava um segurança desatento à entrada de uma clínica, nitidamente esperando por uma chance de se sentar. Pelo vidro desse lugar, era possível ver uma senhora de vestido simples estampado, conversando com uma atendente oculta pelo balcão da posição de onde se olhava. Eram quatro taxis no ponto e treze carros parados no estacionamento do outro lado da rua.

Pouco mais a frente, depois da entrada de ambulâncias, ficava outro tipo de clínica, mas que só funcionava durante o dia. Estava escura e deserta. À frente, somente o viaduto Carlota Joaquina.

O rapaz, processando tudo o que foi descrito com muito mais detalhes, percebeu que após cento e cinquenta metros, do outro lado do viaduto, estavam três pessoas sentadas à grama, encostados a uma parede de rocha. Mais a frente, um largo espaço de calçada, rua, carros passando e nenhuma pessoa visível pelos próximos duzentos metros. Somente ele as notara.

Seu foco ajustou-se aos três. Desligou seu aparelho de MP3, mas o manteve equipado, como se ainda estivesse ouvindo. O solo até o centro do viaduto é de cimento. Em determinada posição havia uma falha, um buraco quebrado no chão de pedra. O corrimão de ferro a dois passos depois da falha estava amassado por uma batida leve de carro de algum outro dia. Por isso, estava mais baixo. A avenida abaixo da ponte é uma estrada de alta velocidade. Da ponte até ela, são pelo menos uns quinze metros de altura até o asfalto. Os três indivíduos estavam sentados, descalços, dois deles usando camisas largas e sujas. O outro era aparentemente mais jovem e estava sem camisa.

Ele não leu seus rostos. Sabia por que estavam ali. Num instante, toda a sua revolta com sua vida encontraram o que lhe pareceu uma válvula de escape. Anos de prática marcial, noções de inteligência estratégica, a leitura do ambiente, peso e altura, vícios de equilíbrio, nível de atenção, tudo sob seu controle. O tempo estava caminhando em câmera lenta para ele. Todas as frustrações canalizadas para uma única intenção. Algo que simplesmente não lhe surgira em palavras, mas como uma escolha pura. Eles só precisavam formalizar suas ameaças no lugar certo, exatamente aonde ele os conduziria a ir. Eles estavam à sua mercê antes mesmo de o perceberem.

Ele viu, pensou, imaginou tudo isso sem parar seus passos sequer por um instante. Quando chegou à beira da ponte, do lado oposto aos três indivíduos, foi notado. Os três se levantaram. Ele dissimulou estar distraído com seu MP3. Suas mãos em seus bolsos. Apenas o mais alto dos três começou a andar na direção dele. Os outros dois ficaram lá parados esperando. O rapaz, ainda com a cabeça baixa, fixou seus olhos nos pés descalços de seu alvo. Calculou a velocidade que precisava para fazer coincidir o encontro dele com o outro sobre a falha no chão. Esse outro, magro, 1,85m de altura aproximadamente, pisando distribuindo peso maior sobre o pé direito, mexeu com a mão esquerda por baixo da blusa, olhou para trás, tornou a se virar e começou a caminhar com passos firmes, tentando assumir uma atitude intimidadora. Um ônibus, vindo em velocidade constante do aterro do Flamengo à distância passaria abaixo da grade amassada dentro de quatro passos do rapaz.

No momento da abordagem, o alvo com o pé esquerdo na falha, o ângulo exato para controlar os movimentos do braço de uma possível arma de fogo ou branca, linha de impacto na altura do quadril alinhando com o corrimão amassado, o rapaz levanta lentamente a cabeça para ouvir o que aquele que somente precisava legitimar sua condição de agressor tinha a dizer.

Aconteceu antes que ele pudesse terminar a típica frase dos assaltantes cariocas: “perdeu playboy! Passa tu...” Neste momento exato, os olhos dele se cruzaram com os do rapaz. Ao olhá-lo, perdeu por completo a concentração. Não sabia onde estava ou quem era. Num instante mínimo depois, sua face se contorceu em terror. Ele não era nada, nunca existira, sua alma se desintegraria antes mesmo do seu corpo sentir o toque da morte.

Aquele que seria um assaltante deu três passos para trás, as mãos sobre a cabeça. Tropeçou na falha e quase caiu sozinho pelo corrimão amassado. O rapaz, ali parado o encarando. Segurou-se por pouco e, após livrar-se por instantes daquele olhar e ver o ônibus destinado a ele passar rápido sob a ponte onde ele quase caíra sozinho, virou-se bruscamente e começou a correr, gritando: “Mete o pé! Mete o pé! Corre! Nóis vai morrê! É monstro! É monstro!”

O rapaz só observava. Os três já faziam a curva para a onde a ponte daria caminho à Rua da Passagem quando ele se deu conta de que não seria desafiado. Todo o mundo que havia se ausentado voltou a ele. Olhou em volta, sentindo-se em forte torpor pela concentração. Uma senhora de vestido simples estampado caminhava da clínica em direção a ele lentamente. Ajoelhou-se, retirou o headphone, pôs as mãos na cabeça e começou a chorar.

A senhora o alcançou, exasperada com aquele jovem bem vestido ajoelhado no meio de um viaduto à noite, chorando, com as mãos à cabeça:

- Meu filho, você tá passando mal? O que foi que houve?

O rapaz, soluçando, sem se levantar retira a carteira do bolso, a abre e retira todo o dinheiro. Eram cento e setenta e dois reais, em notas de R$50,00 , R$20,00 e R$2,00. Ele estende o dinheiro à senhora e diz:

- Dona, eu lhe imploro, guarde este dinheiro e compre alguma coisa para presentear alguém.

- Por que, meu filho? Como assim?

- Comigo, ele se manifestou como uma mensagem de terror e morte. Ao passá-lo a diante, sem desejar retorno, que ele se transforme em uma mensagem de alegria! Para um menino chorão no meio da rua que acha que ser herói é como em desenho animado, é a senhora que está salvando o dia. Muito obrigado!

O rapaz se levantou, abraçou carinhosamente a desconhecida, depois deu as costas para ela, dirigindo-se rumo ao metrô de Botafogo. Ela ficou ali, parada por um tempo, olhando para aquela estranha quantidade de notas, sentindo-se bem pelo olhar de gratidão do rapaz, pelo abraço estranhamente amoroso, mas sem compreender absolutamente nada.

domingo, 25 de março de 2012

Uma vez, num shopping da Barra...

Tarde de quinta-feira no shopping Downtown, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Um rapaz vestido socialmente, sentado a uma mesa no Mc Donald’s. Ele bebe refrigerante enquanto lê uma revista sobre negócios. À sua volta, a lanchonete cheia, três caixas com filas enormes. O gerente distribuindo instruções para tentar ao máximo evitar gargalos no atendimento.

As pessoas que comem em um fast food durante a semana normalmente estão em contexto de pressa e provável tensão. Apesar de muitos gostarem de hamburguer, comer nesses lugares ainda é visto como uma opção pouco saudável. Por isso, o que mais se vê são esbarrões, pessoas discutindo com os caixas, mães ralhando com os filhos, um caos completo e muito interessante.

O rapaz destoa tanto deste perfil médio ali que, mesmo sem perceberem, as pessoas caminham um pouco mais devagar perto dele. Ele está se divertindo, pois está prestando atenção em tudo isso.

À mesinha da direita, duas moças em uniforme preto, de aspecto formal pareciam aproveitar bem a hora de almoço contando o quê, apesar de inaudível, parecia claramente ser informações pretensamente sigilosas, cuidadosamente detalhadas e com os devidos julgamentos colocados sobre outras meninas de preto não presentes. À mesa grande, no fundo, perto do revisteiro, um grupo de adolescentes muito bagunceiros, com roupa de escola, um perturbando o outro num clima muito divertido. As demais outras cadeiras com pessoas em geral parecidas, entre um horário de almoço corrido e crianças fazendo algazarra.

Em certo momento entra uma mãe e três filhas, a mais velha aparentando uns doze anos, a mais nova uns sete. O aspecto da mãe era tenso. O das filhas, de quem vem levando diversas broncas devido a estresse desde cedo. A mãe manda as filhas se sentarem a uma mesa bem ao lado do rapaz. Ela pergunta o que as três querem, e dá instruções à mais velha para que a vá ajudar com o carregamento das bandejas à mesa assim que lhe fizesse sinal da fila. Esta, desatenta, ouvindo seu MP3 player assentiu sem parecer ter prestado atenção.

O rapaz sorri com a projeção da situação. Ele percebe o astral da menina mais nova. Teve tanta dó daquela atitude tão assustada e aparentemente magoada que se concentrou mais ainda naquela mesa.

A mãe naturalmente chama a filha mais velha e esta demora largos espaços de tempo para perceber. A mãe dá um berro de longe e algumas pessoas voltam a atenção para elas. A adolescente nota a mãe enfurecida e vai até o balcão ajudar e ouvir os devidos impropérios no caminho sobre a vergonha que estava fazendo a mãe passar.

Sentam-se à mesa e a mais jovem avisa com aquela carinha tímida e sofrida: “meu Milk Shake não veio...” A mãe, ainda carregada de aborrecimento, entrega a nota fiscal à menina e pede a ela mesma que peça diretamente ao gerente. A menina pegou o papel e foi andando ao meio daquele caos, com os olhos que pareciam ter aumentado até o ponto de quererem sair das órbitas. Ficou vários minutos à frente do gerente até ser finalmente notada pela operadora de caixa, que olhou com ternura: “Márcio, vê o que essa menina quer. Ela já tá aqui te olhando a um tempão.” Em instantes, ela recebeu das mãos dele o copo da bebida.

Desde certo momento em que a menina ficou parada, intimidada demais para se fazer ouvir, a mãe lhe começara a reclamar da “lerdeza” da filha em fazer coisa tão simples quanto pegar um item com o gerente. A menina, ainda com o olhos enormes, veio caminhando cruzando o corredor de passagem mais movimentado da lanchonete, segurando o copo de bebida geladíssimo com as duas mãos, colocando-o à frente dos olhos, nitidamente morrendo de medo de derrubá-lo e sofrendo com os dedinhos gelados.

Ela não deu 5 passos. Um dos adolescentes bagunceiros passou perto dela. Não a esbarrou, mas a assustou só o suficiente para que ela derrubasse o copo e derramasse seu conteúdo completamente sobre o chão ao lado das mesas, dela e do rapaz.

A mãe imediatamente começa a ralhar alto com ela:

- Olha o que você fez!!! Não basta demorar uma hora para buscar um Milk Shake e ainda derruba no chão!!! Além de lerda é estabanada. Agora senta e come a seco, que você vai ficar sem para aprender!!!

O rapaz obseva a menina sentar-se com olhos marejados, mas segurando um sofrimento que o levou abaixar a cabeça e fechar os olhos, como se estivesse ele sofrendo. Ele respirou, cuidou para parecer ler a revista durante um minuto enquanto todas da mesa ao lado começassem a comer em silêncio. Ele então se levantou calmamente. Foi até o gerente e chamou:

- Márcio?

- Pois não?

- A menina daquela mesa derrubou o Milk Shake sem querer. Não sei se você pode fazer isso, mas você não poderia dar outro a ela? – Ele o escuta enquanto observa uma funcionária limpara a sujeira.

- Sim, claro. Aqui está. Sem problema algum.

- Obrigado, Márcio.

O rapaz caminha até a mesa da família e se dirige à mãe, com uma expressão terna:

- Oi, o gerente Márcio mandou entregar outro copo para a menina.

O rapaz deixa o copo sobre a mesa, enquanto a mãe desconcertada diz um obrigado com uma autenticidade profunda e cheia de emoção. Ele percebe o olhar da menina, mas não a fita. Dá as costas para ela em direção à porta. Só depois de sete passos vira o rosto para olhá-la então. Ela o estava encarando com uma expressão curiosa, mas séria. A família dela já não mais notava o rapaz, só ela o via. Ele dá um sorriso, tombando a cabeça ligeiramente para a direita. E ela lhe sorri de volta, com um olhar totalmente encantado. Ele se vira e segue seu caminho.

quarta-feira, 14 de março de 2012

O Menestrel (William Shakespeare)

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.


E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.


Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.


Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.


Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.


E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.


Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.


Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…


E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.


E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.


E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…


Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.


Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.


Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.


Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.


Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.


Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados.


Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.



Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.


Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.


Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.



Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…



Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.



Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.


Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.



Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…

Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.


Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.


Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.


Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.


E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.


domingo, 4 de março de 2012

Prece pela intenção pura

Hoje, eu não quero amar.
Coração está vazio.
Foi morto pelo cansaço,
E está longe, ôco, frio.

Penso, então, que agora é hora
De agir, fazer e criar
Girar a roda do tempo
Fazer tudo balançar

Pois enquanto sem momento
minha alma paira no ar,
Todo poder manifesto

Entregue só, sem vontade,
Dado é, puro, a fazer ser.
Cria com desprendimento.

O porquê dos anjos serem bons

Um linha horizointal.
Um munito de silêncio.
Água morna. Sexo sem amor.
Comida sem sal.
Imagem sem cor.
Um dia normal,
sem crise, sem medo, nem dor.

E se o gosto desaparecesse?
Se a cor com tons de cinza parecesse?
E se o som dá música se diluísse?
Se o calor do toque nada significasse?
E por um instante tudo que cheira, fedesse?

E se esse mundo passasse a ser o seu, de agora em diante?

Talvez, então, ficar a vida toda procurando a beleza, tentando memso que em vão abstraí-la de uma ideia a priori. O momento mais próximo de encontrá-las seria quando ao ver através dos olhos daqueles que em preciso instante a estejam experimentando.