The Shadow Hunter

The Shadow Hunter
Keep it Simple

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Somos bebês em corpos de Titãs

Da diferença entre força e fraqueza:

É muito comum ouvir as pessoas falarem umas para as outras, "sejam fortes!", ou "você tem de ser forte", ou "fulano é um fraco", "o senhor é um fraco, pede pra sair!"... A questão é "o que sinifica ser "forte" ou "fraco"?

Bom, o "forte" dessas sugestões aí de cima parece ser sinônimo de "suportar algo que pesa". Extendendo para uma coisa mais emocional, talvez se possa alcançar um sentido de  "suportar o próprio pesar". O "fraco" por sua vez, seria aquele que "cede a pressão" ou, por antítese ao "forte", seria sinônimo de "não-capaz de suportar peso", "não-capaz de manter-se são quando sente pesar".

Suportar o próprio pesar... Interessante! Até quando? Eternamente!? Para que finalidade? Queixar-se de que a vida não se dedicou a lhe fazer feliz? Nem mesmo as estrelas suportam o próprio peso! Quando o calor delas acaba: bum! Supernova! Se a gente tenta suportar o peso do universo ou corre tão rápido quanto a luz, literalmente a gente explode. 

Força e fraqueza na natureza são apenas condições. As coisas se concentram, se expandem e se transformam, num ciclo infinito. Não é preciso ser um super-cientista para testar isso empiricamente. Do símbolo à conduta, quem escolhe ser "forte" e "duro" como uma pedra o tempo todo, apenas está se forçando a explodir. Acaba apenas alcançando o resultado de se encontrar no momento seguinte na condição de maior fraqueza possível. Os fluidos como água e ar são frágeis, mas não deixam de ser o que são, onde quer que estejam. Uma pedra, por outro lado, depois que explode passa a ser poeira. Depois disso vira terra, lama, planta, gente...

A gente não encontra problemas em ser forte ou fraco, mas em se fixar em uma dessas posições por escolha deliberada. Uma escolha "meio-besta", diga-se de passagem. Tentar ser forte o suficiente e fraco o suficiente, de acordo com a situação já é difícil tentando. Imagina se a gente nem sequer estiver procurando por isso? Pessoalmente acho que definir uma situação em que "força" é demandada, não há precisão em se dizer "hei de ser forte". Acredito que a palavra "tenaz" cabe muito melhor. Isso significa apenas dizer que eu sou capaz de ser o mais forte e duro o possível, sem perder a capacidade de retornar à minha forma original. Essa eu afirmo seguramente que é a melhor maneira de lidar com aquilo que é necessário suportar

A título de curiosidade, faço uma inferência por antítese. A melhor forma de se atacar, influenciar ou fazer ceder, sucumbir é sendo "brando". Dessa forma a água e o vento esculpem as pedras e formam areia e poeira. Dessa forma, o Caos, figura mais antiga da Mitologia Grega, é símbolo de "o quê preenche o próprio espaço entre o Éter e a Terra".

Há de ser brando como a água e tenaz como "liga de titânio elasto-plástica"!!! 

(Se queremos uma máxima boa, por que não usar a tecnologia a nosso favor, né?)

Da diferença entre Ajustar-se e pertencer

- Se eu tenho que ser eu mesmo, eu pertenço. Se eu tenho que ser como você quer, eu apenas me adequo. 

O senso de pertencimento é a expressão clara de eficácia da principal meta da existência humana: a conexão. Quanto mais alguém tenta se adquar nos moldes do que o outro idealiza, mais se reifica, mais se torna coisa, mais longe fica de se conectar. Por fim, acaba por estar suportando o peso da expectativa do outro sobre si quando este está emocionalmente dependente. 

As pessoas eventualmente colocam o peso delas sobre a gente. Sem problemas. A gente ajuda a levantar, conduz na dança, dá show no trapézio, escuta a necessidade dela de criticar, ou o que quer que seja, mas com um propósito claro e tempo máximo pré-determinado. Um ser humano presisa se sustentar sobre quem é, não sobre o outro. Se a gente sustenta o outro mais do que o necessário, ou sem finalidade definida, acaba rolando uma "simbiose". Por consequência, a necessidade emocional de "significado" fica plenamente desatendida e ambos passam a experimentar a sensação de ser um lixo, de inutilidade. Vive-se em pleno "desamparo aprendido". 

Esse papo de "ama ao próximo como a ti mesmo" é maneiro, mas só funciona quando você começa com "amar a si mesmo direito" antes, pois eu garanto que ninguém gostaria de ser amado do mesmo jeito que uma pessoa que se trata como um lixo faz. 

As vezes quem nos ama é duro com a gente, quando deveria ser brando. As vezes é brando quando deveria ser duro. Essa pessoa, quem ama, só está tentando se conectar com a gente. Como você é sagaz, já deve estar pensando: "mas eu não tenho de tentar ser brando quando a pessoa for dura e vice-versa, para assim a gente se encontrar?". Você chegou por si só aonde eu queria chegar. 

Este é o lugar onde os espíritos se mesclam. É o símbolo maior do céu, da vida, do infinito. É a criação à partir do conflito, a destruição criadora, uma folha seca numa caixa de vidro, a pedra filosofal. A pedra que supostamente "institui valor de ouro" a todo metal com que se funde - um pedaço do próprio espírito de que se abre mão para criar valor. A pedra de cuja poeira se tira o elixir da vida eterna. Do Latim: Vita - intervalo entre o início e fim de um ciclo; "Eterna", aeternus - que não muda com o tempo. "Vida eterna" não significa não morrer, pessoa tola, mas existir em contato com a mudança sem abrir mão de quem é. 

Obviamente não é fácil, mas não é impossível. Além disso, em se praticar, todo dia a gente fica melhor, melhor e melhor em tudo... As nossas necessidades de significado e de conexão formam um paradoxo, mas no fundo, elas são apenas opostos complementares, que dependem um do outro para existir. Nós dependemos uns dos outros para sermos quem somos, porém, é em ver as diferenças que temos entre nós, que a gente exercita isso de fato. 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Série Papai Mestre Infante - 1 - Deve ser por isso que "os melhores são apenas bons para a infantaria".

O fim de semana foi cansativo. Comemorações, encontros sociais, almoços de família, madrugadas sem dormir e bebedeiras homéricas. Nada menos do que uma série de bons momentos convergindo em menos de 48 horas. 

Eu corro todos os dias algo por volta de 12 quilômetros. Somando-se uma média de 1:30   horas de sono desde sexta-feira a uma sobrecarga de etanol e McDonald's para processar no sistema, não haveria condição alguma de sequer se considerar a possibilidade de executar qualquer exercício físico deliberadamente. Domingo à noite era a hora que a minha cara estava denunciando "game-over". 

Papai infante, nesta noite de domingo, ao olhar para a minha cara de fim de carreira solta:

- Vai correr! Por que tu não correu hoje? 

Ele falou e deu de ombros, com ar sério de esporro, desafio feito, missão cumprida. Eu, fazendo certamente a expressão de alguém que pensa: "Vossa excelência só pode estar a propor atividades despudoradamente fornicativas com meu tecido epitelial facial". 

Não respondi nada, mas ele só podia estar de sacanagem!

Dia seguinte, depois de eu voltar da corrida, fui lá eu passar na frente dele todo molhado que nem um mané para ver se ele dava um retorno positivo. Ele não deu a mínima. Eu tive de perguntar:

- Pai, hoje eu corri a beça, o senhor não falou nada!? 

- Para quê? Hoje você sabe que consegue fazer. Só tenho que falar quando você acha que não consegue.