The Shadow Hunter

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Keep it Simple

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A genialidade dentro de cada um


O que leva alguém a se dedicar tão apaixonadamente por uma atividade a ponto de se tornar um gênio, um virtuose?

O talento é algo a ser dismistificado. A visão de que se nasce predisposto a ser competente em alguma coisa é um mito. Há que se dizer que fatores físicos como a altura para quem joga basquete ou voleibol, a beleza para quem é modelo, o tipo de voz para quem canta, todos contribuem muito para efeitos específicos. Porém, será que características como essas são parte do que se entende por talento ou seriam apenas condições favoráveis? É possível se chegar ao auge de uma habilidade sem praticar, ou seja, somente devido a algum determinismo genético?

O desenvovimemto de uma competência depende de esforço. Desenvolver-se ao nível virtuose depende de muito esforço mesmo! Muitas vezes se confunde esforçar-se com sofrer, sendo esta é a raiz da mediocridade. Seria absolutamente incoerente se crer que exista genialidade sem paixão ou arte sem emoção. O componente mais importante que poderia compor um conceito efetivo de talento seria a capacidade de se entreter, de interessar, de se apaixonar pela atividade que se pratica. Assim, seria possível cada vez mais estar se divertindo enquanto se intensifica o autodesafio e se dedica às horas de trabalho necessárias à excelência. 

Quem observa um praticante dedicado a caminho da maestria verifica apenas uma pessoa se esforçando. Muitas vezes, de fora, a percepção que se tem é de que a pessoa que está ali está apenas usando força de vontade. Porém, ao se parar para pensar, as pessoas praticam seus esportes nos fins de semana, em que correm, suam, esforçam-se e se divertem. Muitas vezes elas acordam cedo, por exemplo para praticar surfe ou jogar futebol com os amigos. Por acaso elas estão tendo de usar força de vontade do início ao fim, crendo que estão se obrigando a fazer algo que "não" lhes dá prazer ou recompensa? Será que sequer há se falar em força de vontade nestes casos? Para se começar a compreender a capacidade de se esforçar rumo à genialidade, basta dar início a perceber-se quando se está nesses momentos de lazer. Então, metade do caminho estará concluída. A outra se encontra no conceito de clareza de propósito. Enquanto o lazer encontra um fim em si mesmo, a excelência o direciona para um objetivo. Organizar objetivos em função de um resultado global é definição genérica de estratégia. Um gênio com uma estratégia geralmente é bem reconhecido como referência de sucesso.

A esta altura pode-se estar questionando se a força de vontade não seria relevante e se quem se torna gênio não encontra sofrimento em seu amadurecimento. A resposta é negativa para ambas as questões. O diferencial da genialidade está em como o futuro gênio encara seus momentos de estar sofrendo e para que fim ele dirige sua força de vontade. Ele vê a dor que sente como algo a resolver e procura tornar-se mais eficiente em seu método, visando eliminá-la. O resultado sempre acaba sendo uma autosuperação, pois ele acaba por aprender a gostar mais ainda do que faz consistentemente. A força de vontade é absolutamente necessária, pois ele depende dela para não desistir enquanto não tiver aprendido a como não sofrer. 

Seguindo esta lógica, é fácil se inferir que qualquer um poderia se tornar um virtuose em qualquer atividade. Não se pode contrariar esta idéia após os termos dados. Entretanto, nem tudo que é possível necessariamente possui mérito relevante. Os seres humanos escolhem suas atividades por conveniência e oportunidade. Tanto o interese direto quanto a facilidade de condições para obter sucesso direcionam a escolha da atividade que se opta por desempenhar. Fora isto, há a pressão social, que nega este interesse legítimo. Quantas crianças e jovens escolhem esportes, carreiras e atividades apenas para atender a expectativas de seus pais? Quantos não se envolvem em atividades apenas para se adequar a grupos sociais? Estas razões afastam os indivíduos de seus verdadeiros interesses e paixões. Portanto,  possuir uma capacidade de compreender os próprios motivos para tomar decisões é fundamental ao inventário de um gênio, sem a qual não se possui senso de certeza e se acaba por desistir na primeira crise de identidade: "Será que é isso que quero ser?"

A figura o gênio é ao mesmo tempo super-valorizada e sub-valorizada. Expectadores vêm figuras que ostentam resultados de suas estratégias e concluem que aquelas são as personificações da genialidade. Experimentam alegria e paixão por idéias, atividades e sonhos, mas os deixam de lado por medo de fracassar. O sucesso é apenas o conjunto de efeitos de uma estratégia desempenhada com eficácia. A genialidade ajuda, mas não é seu sinônimo. Não é necessário genialidade para se ter eficácia, basta apenas se alcançar determinadas metas para isso. Por que não se praticar a própria genialidade sem pensar em sucesso? Depois que se é virtuose, digno de se expressar no estado da arte em cada realização, têm-se um motivo legítimo para se pensar em estratégia. Obter eficácia é possível para qualquer um, mas o sucesso que o gênio encontra é só para quem encontrou seu verdadeiro caminho.

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